sábado, 26 de junho de 2010

O elefante

Você já observou o elefante no circo? Durante o espetáculo o enorme animal faz demonstrações de força descomunal. Mas, antes de entrar em cena, o elefante permanece preso, quieto, contido somente por uma corrente que aprisiona uma de suas patas a uma pequena estaca cravada no solo. Sem dúvida, a estava é só um pequeno pedaço de madeira. E ainda que a corrente seja grossa, parece óbvio que esse animal, capaz de arrancar uma árvore com sua própria força, pode, com facilidade, arranca-la do solo e fugir.
Que mistério!
Certa vez perguntei para um adestrador sobre o mistério do elefante.
- Porque ele não foge?
Ele explicou que o elefante não escapa porque está adestrado. Fiz então outra pergunta:
- E está adestrado porque está preso na corrente?
Não houve resposta.
Soube que o elefante de circo não escapa porque foi preso à estaca ainda muito pequeno. Fechei os olhos e imaginei o pequeno recém-nascido logo preso. Naquele momento o elefantinho deve ter puxado, forçado e tentado se soltar. Apesar de todo esforço, não conseguiu sair. A estaca era certamente muito forte para ele. O elefantinho deve ter tentado, tentado e nada. Até que um dia, cansado, aceitou o seu destino. Então, aquele elefante enorme não se solta porque acredita que não pode.
Jamais voltou a colocar à prova a sua força.
(Autor não informado. Texto de um calendário de 2010 da Paróquia de São Vicente Férrer-Formiga-MG)

Quando perdi a audição, quase me tornei um elefantinho preso à corrente. Mas, ao insistir em romper as barreiras da comunicação, conviver socialmente, trabalhar, ser independente, cresci consciente de que sou uma pessoa com grande capacidade, mesmo sendo surdo.

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