sábado, 28 de agosto de 2010

Gols perdidos (Contando ninguém acredita!)

Veja os 10 gols perdidos mais incríveis do mundo. Quando eu digo que contando ninguém acredita é porque, verbalmente, estes fatos só causam risadas de descrédito. Ainda bem que hoje temos a internet e o youtube. Porque se contando ninguém acredita, então olhaí as imagens...

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Entabulando conversações

Minha mãe, que Deus a tenha, era expert em iniciar conversações com qualquer pessoa. Era uma pessoa humilde, estudou pouco, o ginasial incompleto, mas tinha uma grande vivência, que é o mais importante. Lembro quando minha irmã me contou que minha mãe estava na rodoviária e viu uma moça chorando. Minha mãe sentou-se ao lado da moça, arrancou a história: a moça perdeu o dinheiro e a passagem e não sabia mais como iria embora. Considerando a história verdadeira (não foi a moça que abordou minha mãe e sim o inverso), minha mãe falou com a moça para não desanimar. E minha mãe e a moça saíram pela rodoviária contando o ocorrido e pedindo dinheiro para a moça voltar para a cidade dela. E conseguiram. Minha mãe acompanhou a moça até o embarque no ônibus. Minha mãe não fazia alarde da história, contava como coisa banal, sempre nos ensinou que deveríamos ajudar o próximo, sem qualquer preconceito.
Conto este fato porque li no Hoje em Dia, que os recenseadores do IBGE têm uma grande dificuldade de entrevistar as pessoas da classe alta. Os ricos alegam que não têm tempo ou desconfiam do recenseador. As demais classes não têm este problema. Recebem o recenseador com todo o prazer.
Quando uma moça do IBGE esteve em nossa casa, na época em que morávamos em Contagem, nos anos 80, eu lembro que minha mãe levou a moça para a sala, deu água, café e respondeu tudo na maior boa vontade. A recenseadora perguntou se eu estava desempregado, eram umas 14 h, e eu respondi direto a ela, que meu horário estava atípico no mês; eu estava pegando serviço às 17:30 h. Ela ficou espantada de saber que eu era surdo, porque eu também estava conversando normalmente com ela. E, rindo de minha mãe, que fez o “censo da recenseadora”, perguntado onde a moça morava, a família, irmãos; minha mãe perguntou mais do que a moça fez anotações nos formulários. Normalmente, as pessoas mais simples não têm medo de abrir as portas e informar todos os dados, servir um cafezinho, água, biscoitos. Eu gostava muito desta característica de minha mãe, a possibilidade de entabular uma conversação assim sem mais nem menos. Eu não tenho como fazer a mesma coisa, devido à surdez, que causa uma barreira, às vezes intransponível, na comunicação.
(Minha mãe faleceu há quatro anos, deixando-nos bons exemplos e boas histórias para contar)

domingo, 22 de agosto de 2010

Os bons companheiros

Sempre agradeci a Deus por ter bons amigos do meu lado, nos momentos de minha vida. Quando fiquei surdo, perdi quase todos os amigos. Nenhum deles sabia como lidar com uma pessoa que ontem estava ouvindo normalmente e hoje não entendia patavina do que diziam. O distanciamento foi grande e isto me causou uma grande amargura. Naqueles primeiros anos de minha surdez, em Formiga, o Tonho passou de conhecido a amigo. Ele aprendeu o alfabeto dos surdos e alguns sinais. Foi uma pessoa importante para que os "normais" me aceitassem junto a eles, jogando bola, brincando, passeando e voltando a ter uma vida social quase normal. Quando já estava trabalhando aqui em Belo Horizonte, na gráfica, tive a felicidade de ter bons amigos que sempre me auxiliaram quando necessário. O Wander (Ceguinho) e o Sebastião Borges (Tiãozinho), foram os que possibilitaram a minha boa convivência com 90% dos funcionários da gráfica (eram mais de 400 funcionários). Eles aprenderam o alfabeto e sempre procuravam me inteirar de todos os assuntos. Isto, no principio. Com o  tempo e graças a eles, o pessoal percebeu que eu era legal, humorado e uma boa companhia. Assim, eu sempre tinha companhia para a roda de cerveja nas sextas-feiras, festas nos fins de semana, futebol, entre outros.
Mas, há sempre aqueles que continuavam vendo O Surdo, como apenas um surdo. Uma vez eu e o Wander subíamos em direção à nossa área de trabalho (a gráfica era realmente grande), conversando amenidades, após o almoço. Percebi que ele fez uma careta, mas não deu para entender o que era. Olhei para os lados, mas os demais colegas não nos davam atenção. Até que ele me parou e mandou eu olhar para trás. Um outro colega, o Bira, ao longe fez o sinal de positivo e eu perguntei o que que foi. Ele fez o sinal de positivo de novo e foi para o refeitório. Então o Wander me contou:
- Ele estava berrando: ô, Surdo, ô Surdo. Mas, eu não dei bola e quando ele percebeu que eu não ia te chamar mesmo ele mudou e gritou: ô, Ceguinho, chama o Surdo aí. Aí eu te mandei olhar para ele.
- È cada uma, né, Wander! Ainda bem que eu não ligo para estas coisas mais não. Mas, você foi legal, não dando atenção a ele, que era o que ele queria.
- Quer fazer papel de bobo, que faça sozinho.

Provérbios modernos (de acordo com a era da informática)

- A pressa é inimiga da conexão.
- Amigos, amigos; senhas à parte.
- A arquivo dado não se olha o formato.
- Diga-me o seu perfil no Orkut e te direi quem és.
- Para bom provedor uma senha basta.
- Não adianta chorar sobre arquivo deletado.
- Em briga de namorados virtuais não se mete o mouse.
- Hacker que ladra, não morde.
- Mais vale um arquivo no HD do que dois baixando.
- Mouse sujo se limpa em casa.
- Melhor prevenir do que formatar.
- Quando a esmola é demais, o santo desconfia que tem vírus anexado.
- Quem um 486 ama, um Pentium 4 lhe aparece.
- Quem clica seus males multiplica.
- Quem com vírus infecta, com vírus será infectado.
- Quem envia o que quer, recebe o que não quer.
- Quem não tem banda larga, caça com modem.
- Quem nunca errou, que aperte a primeira tecla.
- Quem semeia e-mails, colhe spams.
- Quem tem dedo vai a Roma.com
- Um é pouco, dois é Messenger, três é Chat.
- Vão-se os arquivos, ficam os back-ups.
- Pão, pão! Queijo, queijo! Humor Tadela, Humor Tadela!
- Diga-me que computador tens e direi quem és.
- Há dois tipos de pessoas na informática. Os que perderam o HD e os que ainda vão perder.
- Na informática, nada se cria, tudo se copia... e depois, se cola.
- Quando um não quer, dois não teclam.

Fazendo jus ao penúltimo provérbio, este texto foi copiado e colado de e-mail do HumorTadela, que recebo sempre. Você pode visitar o site clicando aqui: Humor Tadela.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Premiar o pior

Lembro com alegria quando, em 1969, eu, na terceira série, fiz uma redação sobre IMPOSTOS (arrecadação e utilização dos impostos), baseado em um livreto ilustrado que explicava a necessidade e utilidade dos impostos no país, estado e município. Foi um concurso organizado, se não me engano, pelo estado e cada cidade premiou as três melhores redações. Eu fiquei em 3° lugar, entre todos os alunos do 3° ano, de todas as escolas de Formiga. O prêmio é que não foi o esperado, pois anunciaram máquina de escrever, mas o que eu ganhei foi uma caneta e um monte de balas. A caneta chegou a ficar comigo durante muitos anos, mas acabou desaparecendo nos vai-vem da vida. Uma pena que não foi muito bem documentado este concurso, pois não tenho nenhum material de recordação. Lembro que a Diretora da Escola Normal adentrou minha sala, com as balas e a caneta, me abraçou efusivamente e deu-me os parabéns. Fiquei emocionado.
Estou lembrando este fato devido a uma notícia espantosa que li no dia 13 de agosto: o governo do estado de São Paulo pretendia pagar R$ 50,00 para alunos que frequentassem aulas de reforço de matemática.
Calma aí! Quer dizer que o governo vai pagar para os alunos QUE NÃO ESTUDARAM direito durante o ano?? Inacreditável! Meu orgulho de poder dizer que fui um estudante exemplar, morreu neste instante. Mal comparando, naquele concurso em que fiquei em 3° lugar, nada disso, o correto seria premiar a redação que não interpretasse corretamente o texto sobre impostos e com a maior quantidade de erros de português.
Hoje, em SP, o garoto chega em casa com R$ 50,00 e a mãe pergunta:
- Que dinheiro é esse, meu filho?
- Ganhei do governo de SP, mãe!
- Parabéns, você foi o melhor aluno?
- Não, mãe, fui o pior! Mas o governo me premiou por ir às aulas de reforço.
Como bem disseram outros comentaristas bem mais gabaritados que eu, o Estado de São Paulo, através de sua Secretaria de Educação, nos proporciona a piada pronta.
---------- > A reportagem é da Folha de São Paulo, e você pode ler clicando aqui.
Em tempo: o Secretário de Educação do Estado de SP, informou que o projeto estava suspenso (devido à repercussão negativa deste fato). Ele alegou que o projeto precisava ser melhor discutido entre os profissionais do ensino de SP. Ah, tá...

domingo, 8 de agosto de 2010

Deficientes e dependência

Muito se fala na independência dos deficientes. É verdade que nós, deficientes, temos capacidade para uma vida independente dos demais. Nem todos, claro, mas a maioria. São muitas as histórias de deficientes que vivem sozinhos, conquistam sua independência com muita luta, dedicação e afinco. Mas, não devemos esquecer que somos deficientes e que algumas coisas estarão impossibilitadas para nós. Lembro quando eu estava ministrando um curso de Libras e contando aos meus alunos peculiaridades da surdez. Eu disse que o surdo muitas vezes se concentra no que faz e acaba desligado do que está ocorrendo em volta. Brinquei:
- Se eu estiver no banheiro e ocorrer um alarme de incêndio, vocês saem correndo e eu fico para trás. É necessário, sempre, lembrar dos deficientes neste momento e verificar que eles estão a salvo, antes de tudo. Praticamente todos os deficientes vão ter problemas neste caso. Eu fico lá no banheiro, tranquilo, enquanto há o maior pandemônio na escola. O cego, assustado com a gritaria, entra em pânico também e não consegue encontrar a saída. O cadeirante pode até ser mais veloz que os outros, mas não conseguirá descer as escadas e a recomendação em caso de incêndio é não utilizar elevadores. Portanto, por mais independentes que formos, estaremos dependentes sim, em diversos momentos ao longo da vida.
Temos uma boa parafernália eletrônica que nos auxilia no dia a dia. Em outras casas onde morei, instalava luz na campainha, porque muitas vezes ficava sozinho e os filhos ainda eram pequenos. Hoje, não coloco mais luz na campainha porque meus filhos já estão crescidos e muito dificilmente eu fico só. Quando fico só, mantenho o celular do meu lado (o celular, uma invenção muito útil para os surdos). Existe também alarme luminoso caso o bebê chore. O Conselho Municipal de Deficientes daqui de BH está implantando uma forma dos bombeiros atenderem chamados de texto de celular, para emergências envolvendo surdos.
Os deficientes que utilizam aparelhos para sobreviver, normalmente têm gerador de energia, caso ocorra um blecaute. Blecaute também é chato para os surdos, pois além da surdez, ficam sem a visão. O blecaute só nao incomoda os cegos.
Acredito que, independente da deficiência, todos deveriam manter um canal com as pessoas consideradas normais. Não se deve criar uma redoma, crente que não necessitam da ajuda de ninguém.
É muito triste quando alguém morre porque depende de outro e este outro acredita que dará conta de tudo sem necessitar de mais ninguém. Foi o que ocorreu com uma deficiente da Inglaterra, quando sua mãe faleceu inesperadamente.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Os esquecidos...

Trabalhei numa gráfica de grande porte durante 9 anos. A gráfica tinha três turnos e eu trabalhei em todos. A maior parte foi no turno diurno. Num período em que escasseou o papel em pacotes, formato 99 x 66 (não me lembro o motivo), eu e o Jack fomos escalados para o horário noturno 1, de 17:30 às 23:00 h, para  desenrolar e cortar papel de bobinas no formato dos pacotes. Nosso setor, expedição e acabamento não tinham outros turnos, somente o normal. Portanto, éramos os únicos naquela parte da gráfica. O chefe do turno ficava junto às rotativas. Gilberto era o nome verdadeiro do Jack. O pessoal da gráfica colocava apelido em todo mundo, alguns poucos escapavam. O Tiãozinho, com quem eu trabalhei no setor de expedição, o nosso chefe, Maurício, o outro chefe, Josué, eram alguns dos que não tinham apelidos. Gilberto era Jack, o Estripador. E os outros colegas do setor, que não estavam trabalhando conosco no horário noturno, eram o Wander, o Ceguinho (óculos mais fortes que o meu), e o Júlio César, Defunto (era branco e muito pálido). Eu, claro, era o Surdo. Havia mais dois deficientes auditivos, o José Penna e o Celso, e um deficiente físico, do setor de manutenção, que usava uma muleta, mas eles não tinham apelidos. Nem  Mudinho e Surdinho, nem Aleijadinho. Como eu já disse em outro post, a deficiência auditiva é a que mais gera satirizações.
Uma noite, eu e o Jack não tínhamos mais serviço, porque o almoxarifado só mandou três bobinas. Terminamos e estávamos a conversar e o Jack me conta:
- Toda hora toca o telefone lá da sala do Sr. Miguel (o chefão, Diretor Geral da área gráfica).
- Quando eu tava no turno normal eu fazia serão até 21 h e muitas vezes o Sr. Miguel ficava aí. Claro que alguns clientes pensam que ele fica até este horário todo dia.
- Uma hora eu vou lá atender o telefone.
- Vai é arrumar confusão atôa.
O Jack sabia o alfabeto manual; aprendeu com o Celso, que era funcionário antigo.
- Será que se ligar - o telefone - ali da sala do Sr. Miguel vai tocar lá na sala do Josué?
- Só se as linhas forem diferentes!
E o Jack inventa:
- Eu vou ligar ali da sala do Sr. Miguel e você atende lá na sala do Josué.
E fomos OS DOIS, cada qual para as respectivas salas. A sala do Sr. Miguel era mais próxima e o Jack já estava lá dentro, eu o vi pelo vidro se aproximando do telefone e LEMBREI:
- Ô, Jack, eu não escuto não, cara!!
Voltamos para nossa seção, rindo.
- Só você mesmo, né, Jack, me mandando atender telefone!!
- Seu fdp, você fica falando normal na minha cabeça, eu esqueci que você não escuta.
Então, ele se deu conta de outra coisa:
- E onde é que você estava indo???
- Estava indo atender o telefone lá. Eu também esqueci que eu não escuto!!!