terça-feira, 23 de outubro de 2012

O lado bom pouco divulgado

A revista Carta Capital traz uma reportagem sobre jovem que superou diversas dificuldades e hoje, com o auxílio do Bolsa Família, está cursando uma universidade. São muitos os exemplos de pessoas que melhoraram de vida com a ajuda do Bolsa Família, porém, estes exemplos não são muito alardeados porque a imprensa brasileira, em sua maioria, é contra os benefícios sociais.
O relato da revista pode ser lido clicando aqui.
O blog do Nassif também publicou a reportagem e um comentário deixou muitos leitores emocionados. Segue o texto, autorizado pelo autor do mesmo: Alberto Porem Jr.


O valor do dinheiro.
Estamos em tempos estranhos. Para as classes mais abastadas o dinheiro do Bolsa-Família é esmola pra pobre. Porque esmola? Porque é assim que eles vêem quanto vale R$68,00, R$100,00, R$ 135,00.
Tive uma experiência única há algum tempo atrás que me fez refletir sobre o real valor que damos ao dinheiro.
No sábado á noite meu filho me pediu dinheiro para ir a uma balada. Como uma praxe a gente sempre está sem dinheiro na carteira nestas horas (a tal Lei de Murphy...) e ai fui até o banco (eram mais ou menos seis e meia da tarde) para sacar uns 150,00 pra tal balada. Até ai parecia a rotina de sempre (entrada + show + bebidas...), foi quando a lição se apresentou. Com a vinda de uma grande unidade agroindustrial da BRF para Lucas do Rio Verde, foram trazidos pela mesma do Nordeste muitos trabalhadores, principalmente do Maranhão, na mesma hora em que estava sacando o dinheiro para o filho "curtir" a balada um rapaz aproximou-se de mim e pediu uma ajuda para enviar um dinheiro para a família que estava na cidade de Timom no Maranhão. "-Tudo bem, disse eu, tem a agência e a conta para colocar no envelope? - tá aqui, apresentou o rapaz.” quanto você vai mandar?, perguntei e ele respondeu: 'R$10,00, eles estão precisando mais do que eu lá". 
Parece que levei um tiro, eu dando R$150,00 pro meu filho ir pra balada e o rapaz mandando R$10,00 para ajudar a família no Nordeste, que pancada...
Falei pra ele: “Toma mais R$50,00 e mande R$60,00 pra eles, eles precisam mais, - o rapaz chorou e fiquei com cara de besta e colocamos juntos o envelope no Caixa Eletrônico. Ele me agradeceu mais e mais mas eu não ouvi, estava tonto ainda pela situação. Nem sei como cheguei em casa. 
De pronto levei uma "comida de rabo" do filho (é assim mesmo que fazem quando estão contrariados...) e ai meu sangue ferveu, como é que um frangote metido a playboy podia me ofender daquela maneira dizendo: "e ai o que é que eu vou beber? água?.
Imaginem que ele ia gastar R$50,00 ou mais até, em bebidas em uma noite! isto para mim soou como uma afronta. Sai fora do meu eixo. Mandei calar a boca e peguei um taco que tenho guardado e ele sentiu que o caldo ia engrossar pro lado dele e correu pra mãe (filho é tudo igual nesta hora), claro que não ia dar com o bastão nele! Mas era meu modo de expressar minha raiva toda e ele ver que o buraco era realmente mais embaixo. Minha esposa perguntou o que era aquilo e eu deixando o taco, disse a ela, contei o que ocorreu e que achei uma afronta um filho dizer o que ele havia dito. Falei: "Se quiser sair vai sair com R$10,00!" e ele disse: "o que vou fazer com R$10,00 papai (filho assustado fica dócil....) não dá para nada!" Dá sim disse eu, se vira, se não quiser sair vá dormir e pense no dinheiro que você gasta, que de agora em diante vai ser muito menos, chega de beber dinheiro!”e sai, fui pro meu quarto. A mulher veio falou que não era assim... e eu não voltei atrás e ele foi dormir. Mas ele entendeu o recado.
Realmente vivemos numa sociedade de tempos estranhos e óticas diferentes sobre dinheiro. Quando ganhamos muito (e graças a Deus sou um deles) o valor do dinheiro muda. O episódio fez eu voltar a valorizar até os centavos (hoje guardo todos em uma lata e de vez em sempre troco no posto, que precisa destas moedas, por papel). Para as classes A e B, que não são poucos como se diz, este parco dinheiro do Bolsa-Familia é esmola mesmo (R$68,00 são uns 38 litros de álcool, uns 270 km de rodagem, para quem roda em São Paulo é muito? não.). Vejam alguns preços de camisas e camisetas nos shoppings são muito mais que este valor, um almoço ou jantar também não vai sair por menos que isto, UM ALMOÇO! Claro lembre-se sempre que estamos falando em estilos A e B.
Meus amigos, qual o valor de R$10,00 para vocês hoje? Parem e pensem.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Nas estradas deste mundo afora I

Recebi um slide com muitas fotos e vou compartilhar aqui, em partes.
As mais malucas são dos indianos e asiáticos.
(basta um clique que as fotos serão exibidas automaticamente)

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Contrapeso

Hoje, no meu ônibus, sentei ao lado de uma loira, jovem, mas gorda. As coxas dela invadiam grande parte do meu lado do assento. Ela tentava se espremer no assento, mas eu estava no lado do corredor e fiz também o possível para transparecer que estava tudo bem. Ainda por cima ela estava lendo um livro, o que atrapalhava mais ainda. Lembrei das gordinhas que eu conhecia, da convivência com elas. Então, a loira do meu lado deixa cair a bolsa. Pelo barulho que eu senti, estava bem pesada. E os gordos não conseguem se curvar à frente para pegar algo que cai aos pés. Ela balançou um pouco o corpo para a frente, inutilmente, claro e como à direita estava a janela do ônibus, o jeito foi se curvar para o meu lado. E de repente todos estão fitando a loira toda debruçada no meu colo, a mão esquerda, que ainda segurava o livro, apoiada na minha coxa.
Eu tive que fazer um enorme esforço para não rir da situação. A loira percebeu os olhares maliciosos dos demais passageiros e disse, toda sem graça, vermelha:
- Desculpe!
- Não, não! Tudo bem!

Lembrando desta loira gordinha, lembrei de uma outra (os nomes de todas as pessoas envolvidas são fictícios, por motivos óbvios):
Trato a todos os colegas com a mesma consideração, não importando cor, beleza, opção sexual. Num dos meus antigos trabalhos como digitador, Fátima gostava muito de conversar comigo. Ela me disse, um dia, que uma coisa que a marcou foi uma conversa nossa, quando ela chegou e disse:
- Ai, meu Deus, estou 4 kg mais gorda!
E eu disse:
- Deve ser para compensar o seu sorriso cativante.
Ela, realmente, tinha um sorriso encantador. Era muito bonita, o corpo cheinho era uma preocupação muito mais em relação à cultura da magreza do que um problema real.
Ela disse que isso a marcou porque eu encontrava encantos onde ela menos esperava.
Fátima me contava muita coisa que elas, as mulheres do setor, conversavam. Elas eram maioria, nove mulheres e somente três homens. Riam muito quando eu dizia que, na verdade, eram somente dois homens, pois o Jeremias, gay, não contava.
- Você sabe que a Marcela é apaixonada por você?
Eu comecei a rir sem parar. Marcela era gorda mesmo, muito acima do peso, simpática, mas muito retraída. Eu, que não escuto, participava muito mais das conversações com o pessoal do setor do que ela. Ela era muito calada, dava respostas monossilábicas e dificilmente emitia alguma opinião. E não eram opiniões pessoais, eram sobre o serviço que fazíamos. Eu brincava um pouco com ela, dizia que ela estava bonitona, quando ela vinha trabalhar com uma roupa pouco usual. Algumas gordinhas, aliás, são mestres em fazer umas combinações legais com as roupas, de forma que não realcem a gordura.
- Deixa de bobagem, Fátima! De onde você tirou essa idéia?
- Ela mesma que falou!
Eu ri mais ainda, incrédulo.
- Ela fala “sim”, “não”, “oi”, “bom dia”, “tchau” e vai ver que falou “Jairo” alguma coisa do serviço e você deduziu que ela é apaixonada por mim.
Fátima estava gargalhando alegremente também.
- Só você mesmo. E sabe que é quase isso mesmo? Deixa eu te contar como foi: um dia, as meninas estavam falando sobre os homens do prédio e a Rita brincou: - Esses homens do trabalho, tudo casados, ah, não. Se uma bomba explodir e matar as esposas deles eu fico com o Horácio. Nós rimos e cada uma foi falando com quem ficaria. Quando chegou na Marcela ela falou: “Jairo” e todo mundo a encarou. Ela ficou vermelhinha, baixou a cabeça. Ninguém esperava que ela fosse falar alguma coisa e ela falou.
Agora era Fátima que ria a não poder mais.
- E ela ficou muito decepcionada quando a Selena, disse que conhecia sua esposa e que sua esposa é magra. A Marcela disse, tristinha (e Fátima imitou a cara triste dela): “ou seja, sem chance, né?”
Nós dois rimos tanto que o Horácio., chefe do setor, pediu para pararmos com a conversa e trabalharmos. Ele era muito legal, tinha o respeito de todos os funcionários, só cobrava mesmo quando o período de levantamento de dados exigia prazos determinados. O setor era bastante amplo e eu e Fátima conversávamos no fundo, em voz baixa, exceto quanto gargalhávamos.
Na festa de fim de ano, que também era minha despedida pois eu ia para outro local, o pessoal fez fila para me abraçar. Marcela chegou com o seu jeito arredio, mas eu a puxei, abracei e beijei sua face, do mesmo modo como fiz com as outras meninas. E disse:
- Vou sentir sua falta, Marcela Foi muito bom trabalhar com você.
Depois, a Fátima se aproxima e ri:
- É capaz dela não lavar o rosto nunca mais!!

Hoje em dia já temos até mesmo o Concurso Miss Brasil Plus Size, que escolhe a gordinha mais bonita do Brasil. Até pouco tempo atrás era impensável um evento deste tipo.

Para saber mais do concurso clique AQUI e AQUI