sábado, 14 de março de 2015

Horário de verão e benefícios pouco conhecidos

Quando o horário de verão terminou, a maioria das pessoas do grupo do qual participo começou a postar comentários de alívio. Eu já havia dito que, para mim, era indiferente. Uma colega foi na contramão dos comentários e disse que estava triste com o fim do horário de verão. Todos ficaram curiosos e perguntaram porquê, afinal, é raro encontrar quem se diga satisfeito com o horário de verão.
A colega informou então que, com o fim do horário de verão, voltaria a pegar o ônibus à noite e a transitar por ruas escuras. Só então compreendi. Como conheço a colega em questão, sei que ela sofre da Síndrome de Usher (eu escrevi sobre isso em 2010, aqui mesmo no meu blog: clique AQUI para ler). Para ela, a claridade proporcionada pelo horário de verão era um benefício extraordinário. Tinha mais facilidade para pegar o coletivo e transitar pelas ruas irregulares do bairro onde ela mora. A Síndrome de Usher é pior à noite (cegueira noturna), causando dificuldade para ler o número do ônibus e para caminhar em ruas com chão irregular. Pensei então, nos tantos deficientes com baixa visão, não totalmente cegos, que necessitam da claridade do dia para diversos de seus afazeres.
Descobri que há outros benefícios pouco conhecidos, que não envolvem somente os deficientes. O comércio, por exemplo, tem aumento de vendas durante o período do horário de verão. Claro, com a claridade, as pessoas nem sempre voltam para casa de imediato e fazem mais compras. Ou se sentem mais seguras em carregar objetos de compras durante o dia. 
Lazer também. Pais e filhos têm mais tempo para passar fora de casa. Academias recebem mais clientes. Bares, então, nem se fala!
E é claro, não podemos esquecer da economia de energia, tão preciosa nos dias de hoje. A economia parece pouca (0,5%), mas devemos lembrar do período de escassez de chuvas pelo qual passamos atualmente.
Eu fiquei emocionado de saber que o horário de verão beneficiava minha colega, porque o que mais temos é a reclamação das pessoas, dizendo que o horário afeta o relógio biológico. Na verdade, o relógio biológico se adapta em poucos dias. Especialistas esclarecem que uma hora é pouco para o organismo sentir alguma diferença que traga danos.

A Síndrome de Usher (leia mais AQUI e AQUI) se tornou uma preocupação quando estava trabalhando junto aos surdos. Na época eu tinha contato frequente com mais ou menos 300 surdos. Seis que trabalhavam comigo tinham o problema. E outros tantos, que eu conhecia, mas não trabalhavam comigo. Como os próprios surdos que sofriam do problema não sabiam explicar o que tinham, em princípio, eu e os colegas responsáveis pelo trabalho com os surdos, chegamos a crer que era um problema associado a toda surdez de nascença. Essa preocupação nos levou a procurar informações e consultar especialistas para que nos esclarecessem a doença. Com os esclarecimentos foi possível orientar melhor nossos colegas, bem como auxiliá-los na requisição da aposentadoria por invalidez.