quarta-feira, 25 de abril de 2012

Fazendo parte da história.

Minha ex-colega R. se irrita comigo, quando digo que a prova do concurso foi fácil.
- Mas, você é modesto demais, Jairo! Você fica falando que a prova foi fácil, mas não é bem assim, não. Muitos dos nossos colegas que passaram fizeram curso específico para este concurso. E dos que eu conheço e passaram nos primeiros lugares têm Curso Superior.
R. mesmo tem Curso Superior. É advogada.
- Eu digo que foi fácil porque eu não estudei nada. Peguei caneta, lápis e borracha e fui lá fazer a prova. E não esqueça que passei em primeiro lugar nas vagas reservadas para deficientes.
- Você é teimoso, heim? Sabe a menina que ficou em segundo lugar nas vagas de deficientes? Pois ela também tem Curso Superior. E estudou bastante para passar no concurso.
Comecei a rir:
- Então ela não estava em um bom dia quando fez a prova. Ela acertou uma questão a mais que eu, ficando em primeiro lugar até que saiu a correção da redação. A minha redação valeu 10 pontos mais que a dela e eu acabei em primeiro.
- Você não percebe, mas tem uma capacidade muito grande de aprendizado. Você deveria estudar mais e fazer algum concurso com proventos melhores. Já percebi que quando você não sabe de alguma coisa e a gente explica o básico, você assimila rapidamente e em pouco tempo já está por dentro do assunto.
- Bom, R., eu também tinha passado em outro concurso, mas perdi o prazo para entrega de documentos. Quando digo que uma prova foi fácil é porque eu não precisei estudar. Fui lá, fiz a prova e fiquei entre os primeiros, no outro concurso fiquei em segundo lugar. Veja bem, português é, na maioria das vezes, interpretação de um texto. Ora, compreensão de texto não é algo que se estude. Em seguida, prova sobre  legislação, administração e leis. Bom, aí vale também um bocado de interpretação: você pode observar que é possível eliminar respostas, as que você tem certeza que estão erradas e as que sobram, normalmente, duas, muito parecidas. Destas duas, você vai na mais lógica ou chuta, com boa possibilidade de acertar. E neste último concurso a terceira matéria era informática, que eu tenho excelentes conhecimentos.
- Isso só demonstra que você é muito inteligente. Você sabe aquele outro nosso colega que vem muito aqui no nosso setor? Ele tem uma leve deficiência física e foi chamado agora.
- Não sabia que ele entrou através das vagas de deficientes.
- Pois foi quarto ou quinto, não estou bem lembrada. Ele também tem Curso Superior. Passou inclusive, em outro concurso de nível superior. Está esperando ser chamado. Quase todos que disputaram as vagas de deficientes têm Curso Superior. Só você que tem Ensino Médio e desbancou todos passando em primeiro lugar.
- Isso prova que o Ensino Superior está uma vergonha... ninguém aprende nada...
- E eu vou te dar um soco para você falar sério! - disse R. rindo - Você é muito inteligente e deveria estudar para um concurso mais qualificado.
R. passou grande parte do tempo junto comigo no setor incentivando isso. Eu achava legal ter uma amiga advogada, com quem entabulava boas conversas. Ela foi chamada por outro concurso de nível Superior, que ela ficou muito satisfeita, devido a remuneração melhor. Conseguiu uma vaga para a cidade natal dela. R. é uma boa amiga e vez ou outra conversamos por e-mail.

No futuro, quando a história do meu atual local de trabalho for escrita, eu, R. e os demais faremos parte desta história. Nós, concursados, somos os primeiros admitidos por concurso para esta autarquia (instituída em 2005). E constará que "a primeira vaga preenchida por um deficiente nesta autarquia foi de Jairo Fernando de Oliveira, deficiente auditivo, classificado em primeiro lugar."
Hehehe... podem rir, mas é a verdade!!

quinta-feira, 19 de abril de 2012

A surdez como aliada - II

Eu sempre estava alegre e brincalhão com todos. Essa é a melhor atitude diante de um problema sério, que é não ouvir os sons em derredor. Sempre havia uma boa alma ali no meio do pessoal, o Tiãozinho, o Josué, o César, que davam um jeito ou outro de me colocar na conversa, de me inteirar dos assuntos. Eu participava de tudo com o pessoal. Jogava sinuca, palitinho, damas, baralho. Só não jogava muito futebol, devido a minha miopia. Na maioria das vezes o pessoal jogava futebol de salão à noite, o que piora e muito a visão de quem é míope. Lembro de jogos de sinuca, em dupla, valendo cervejas. Jogos de palitinho, também valendo cerveja: quem perdia pagava uma. Muitas noites indo embora de ônibus com o Josué, ele me perguntava:
- Quantas cervejas você pagou?
Eu respondia rindo:
- Nenhuma! Bebi de graça hoje!
No palitinho ainda ríamos muito quando eu estava na final com algum colega e este dizia:
- Seis. – sendo apenas dois competidores, o máximo é seis.
- Três? – o movimento labial (o som também, né?) é muito parecido para seis e três.
- Não! Seis.
A galera em volta desenhava o número no ar. Eu ria:
- Está pedindo seis e eu estou com lona na mão. Então é três.
- PQP, acertou de novo! Vou ter que pagar outra cerveja.
Eu jogava damas desde pequeno. Mas o aprendizado maior veio com (eu já escrevi sobre isso) as tardes solitárias que eu passava no barracão, na época que estudei no Instituto Santa Inês. Eu lia o que caía em minhas mãos, como já disse, livros de ginástica, esportes, regras de jogos, devido a minha irmã professora de Educação Física. Um dia estava lendo um livro com mais de 200 páginas, sobre estratégias de damas. Minhas irmãs chegavam e indagavam, espantadas, pensando que a meningite, além da surdez, talvez tenha causado algum dano no meu cérebro:
- Você está jogando damas sozinho??
Mas, a mais velha um dia percebeu o livro ao lado e deve ter comentado com as outras. Minhas irmãs não se preocupavam muito com estas minhas maluquices, porque sabiam que no fundo havia uma explicação lógica.
Quando, na gráfica, o pessoal começou a jogar damas na hora do almoço, tinha uma fila de bons jogadores e uma boa galera só de espectadores. Eu ganhava bastantinho, mas o Márcio, um colega também surdo, era melhor que eu. O pessoal dizia que não, que nós dois éramos muito bons. Que eu me atrapalhava ao jogar contra ele. Porque ele ganhava de mim, perdia para o Zé Luís e eu ganhava do Zé Luis.
A surdez pois, era um atrativo, uma aliada, que acabava despertando curiosidade nas pessoas, devido justamente ao fato de eu participar de tudo e ser surdo.
Hoje já não é possível a associação jovem/surdo/inteligente, por causa da minha idade. O tempo desmoraliza um bocado com tudo. Uma pessoa mais jovem, surda, é surpreendente. Já uma pessoa de idade, não. Muitas vezes ocorre a associação errônea de idade e surdez:
- Este é o Jairo, meu amigo, ele é surdo.
- Ah, eu tenho um tio que também é meio surdo. – diz o distraído, sem atentar para o fato do colega “falar” comigo usando Libras (Língua Brasileira de Sinais).
Assim, uso hoje o fator conhecimento de informática, programas de computador e videogames. Conheço muita coisa de informática, conheço muito bem os programas da Microsoft (Windows, Word, Excel, Powerpoint, etc) e jogo videogame, razoavelmente bem. Sei que com mais idade a surdez acabará deixando de ser um fator de surpresa. Um jovem surdo é surpreendente, fora dos padrões. Um velho surdo, é comum. Será algo realmente comum, tipo:
- Este é o Jairo, meu amigo, ele é surdo.
- Ah, bom, meu avô também é meio surdo!

"A cultura é o melhor conforto para a velhice."
Aristóteles

quarta-feira, 18 de abril de 2012

A surdez como aliada - I

Nunca procurei fazer o tipo coitadinho, que perdeu a audição e sofria os revezes da vida. Sofrer, é claro que sofri, mas sempre batalhei para superar as dificuldades que a surdez causa. Sofri muito sim, porque entrei no Hospital Santa Marta em Formiga, ouvindo e acordei no Hospital Infantil João Paulo II (antigo Centro Geral de Pediatria), aqui em Belo Horizonte, surdo. O modo de vida que eu levava era o considerado normal: eu ouvia, conversava, dialogava, sem problemas. E de repente tudo isso foi modificado.
Procurei sempre trazer o problema da minha deficiência a meu favor. Fazia muito mais o tipo deficiente/inteligente/feliz do que o tipo deficiente/triste/melancólico. Muitos dos amigos sentiam orgulho em explicar aos que se espantavam com minha surdez, que eu era capacitado a discutir qualquer assunto e me envolver em qualquer debate. Para as pessoas “normais” era um espanto eu, jovem, surdo, mas com capacidade para entender diversas questões complexas. Como eu já relatei em outros posts, quando eu trabalhava na gráfica eu era bastante popular entre os colegas, devido justamente à minha alegria e inteligência. Lembro do meu ex-chefe, o Josué, rindo na hora do almoço, quando conversava com os ajudantes, Miltinho e Geraldo e eles não acreditaram em algo que ele disse. Eu estava passando e ele me chamou e perguntou sem mais delongas:
- O que é paralelepípedo? – ele sabia o alfabeto dos surdos e rimos devido à enorme palavra.
- Pedra de calçamento. – respondi. – Parece um tijolo, só que de pedra, muito usado para calçar ruas, principalmente no interior.
Aí ele se voltou para o Miltinho e o Geraldo, que estavam boquiabertos:
- Eu não disse que era isso? Vocês estavam pensando que eu inventei a palavra... O Jairo sabe mais que vocês dois juntos!!
Eu fiquei espantado que eles não soubessem o que era paralelepípedo. Tudo bem, eles eram jovens, vinte e poucos anos. Mas, mais espantado fiquei quando o Josué disse que o Sr. Moacir também não sabia o que era paralelepípedo. O Sr. Moacir trabalhava no setor de manutenção. Tinha conhecimentos sobre engenharia mecânica, sabia fazer uma ferramenta ou peça para as máquinas. Mas, não sabia o que era paralelepípedo.

(continua)

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Meus tempos trabalhando em gráfica - III

Do grupo de colegas que gostavam de beber e jogar sinuca, o César era o que mais apreciava minha companhia. Também me confidenciava muita coisa. Aliás, muitos me confidenciavam segredos. Eu era o surdo que mais "ouvia" grande parte dos companheiros. O César era casado, mas apaixonado por uma das brochuristas. Esta brochurista tinha namorado, mas era apaixonada por um dos cortadores gráficos. Era igual a "Quadrilha" de Carlos Drumond de Andrade: César amava a brochurista, que amava o cortador, que amava a recepcionista que não amava ninguém... Eu tinha conhecimento de todos esses amores ocultos, porque todos eles, inclusive a brochurista, me confidenciaram seus sentimentos. Cheguei a ir no apartamento do César, conheci a esposa dele. Tomamos uma cerveja e comemos bife que a esposa fritou na hora. Lembro dele me apresentando para a esposa:
- Esse é o Jairo, de quem eu já lhe falei muitas vezes. Companheiro de sinuca e cerveja.
Depois o César lembrou do dia que cheguei no bar, cumprimentando todos alegremente. E foi o próprio César que disse:
- Chegou o nosso amigo do coração!
- Você também está aqui no cantinho do meu coração! - eu disse.
- No cantinho? - perguntou o César - Por que não no coração todo?
- Porque é no cantinho mesmo, César. No coração estão aqueles que passam, desaparecem, não são lembrados. No cantinho estão aqueles que ficam para sempre, mesmo depois que não estamos mais juntos, pessoas que realmente importam e que nunca esqueceremos.
Lembro que ele riu e disse:
- É por isso que eu gosto deste cara.
Ele era muito bom na sinuca, principalmente no sinucão (mesa grande). Dificilmente eu conseguia vencê-lo no sinucão. Na mesa comum eu ainda conseguia equilibrar o jogo, mas mesmo assim era muito difícil. Em conversas regadas a cerveja, ele me disse que pela brochurista largaria a esposa. Mas, a brochurista não lhe dava a certeza de que aceitaria isso e então ele ficava na dúvida. Nunca disse que a brochurista já me confidenciara que considerava ele um amigo e que gostava mesmo é do cortador. Esse era o problema de ser confidente de triângulos amorosos. Sabia da verdadeira paixão de todos e não podia ser indiscreto. Mas, muitas vezes eu disse ao César:
- Bobagem. Esqueça a brochurista. Se o caso de vocês fosse realmente uma paixão incontrolável, vocês já estariam juntos há tempos. No fundo, você gosta de sua esposa e não vai deixar o certo pelo duvidoso.
Intimamente eu ria, pois eu sabia qual era o certo e o duvidoso.
Ele era do setor de rotativas. Não trabalhávamos juntos, éramos colegas de trabalho. Ele se tornou chefe do setor de rotativas, no segundo turno. Passamos muitos meses no desencontro. Quando ele estava chegando para o trabalho eu estava saindo. Mais ou menos uns oito meses depois os superiores resolveram modificar novamente os chefes setoriais. E meu amigo foi informado que voltaria a ser apenas operador de rotativa. Mas, ele mesmo me contou, numa mesa de bar, tomando nossa cervejinha gelada, que não aceitou este fato. Insistiu que, se o promoveram a chefe, ele deveria continuar como chefe. Os superiores se mantiveram irredutíveis e o César tomou a decisão: ou chefe, ou demissão. Claro, a corda arrebentou do lado mais fraco e ele foi demitido. Ele se afastou do pessoal da gráfica. Vez ou outra a gente ainda tomava uma cerveja e jogava sinuca. Até que nem isso ocorria mais e cada um seguiu seu rumo (eu também saí da gráfica). Mas, como eu havia dito, no cantinho do coração ficam as pessoas que realmente fazem parte da nossa vida, pessoas que jamais serão esquecidas. O César faz parte deste seleto grupo.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Vírus usando CacauShow & Páscoa.


Tenho que reconhecer a criatividade dos hackers. Não fiz nenhuma compra na CacauShow e no entanto recebo e-mail informando que "você acaba de ser sorteado em nossa promoção..." Como a loja colocou meu e-mail para sorteio? Também não falta, claro!, o famoso "clique aqui" no final do falso banner. Sempre alerto parentes, amigos e conhecidos sobre a esperteza do pessoal que confecciona estes malwares e spywares. Eles aproveitam datas específicas para distribuir falsos banners com falsas promoções. Os incautos clicam, fornecem dados pessoais, inclusive, conta bancária e senha. Fique atento. Se você nunca efetuou compras numa loja ou inscreveu seu nome e e-mail em sites de promoção, desconfie sempre de promoções que lhe concedem prêmios com tanta facilidade.

Páscoa é renovação, nova vida, recomeço.
Tudo isso, tudo de bom, para vocês!!

domingo, 1 de abril de 2012

Meus tempos trabalhando em gráfica - II

Toda empresa tem o colega excessivamente avacalhado, que não perdoa ninguém e todos são alvos de suas brincadeiras. O Salsicha (este eu nunca soube o nome verdadeiro) avacalhava com todos, mas azucrinava mesmo os crentes (naqueles tempos ainda não se usava a palavra evangélico). Tínhamos um colega crente na área de máquinas, que não lembro o nome e que por ser o mais fanático, era o único crente apelidado de Crente. O Salsicha o alugava muito na hora do café e do almoço. O Crente fazia uma oração de mais ou menos 10 minutos antes de começar a almoçar. Escondia o rosto entre as mãos e começava a rezar (eles preferem dizer orar). Às vezes a gente já estava terminando de almoçar e ele ainda não tinha terminado a oração. Até eu mesmo já tinha dito a ele:
- Cara, você devia fazer uma oração mais curta, porque senão todo dia você almoça comida fria e faz mal.
- Deve agradecer a Deus o alimento que Ele te deu.
- Bom, eu agradeço, mas, com uma oração curta, por que senão a comida fica fria.
Playboy de Março de 1984

Um dia no horário de café o Salsicha chega até o Crente e abre a revista Playboy na página central diante dele.
- Veja o que você está perdendo!
O Crente tapa os olhos com as mãos e baixa a cabeça. Durante a semana toda o Salsicha insistia em abrir a Playboy na página central diante dos olhos do Crente. Ele não olhou nenhuma vez. Todas as vezes cobriu os olhos com as mãos e esperou o Salsicha se afastar.

Dos crentes que trabalharam comigo, o mais complicado era o Kalunga (também não lembro o nome verdadeiro; ele ganhou esse apelido por ir trabalhar quase toda segunda-feira com a camisa do Corínthians, na época com patrocínio da Kalunga). Ele tinha o péssimo hábito de enfiar o diabo no meio de todas as conversas.
Eu e os colegas conversando sobre uma discussão entre duas brochuristas, opinando e tal e o Kalunga:
- O diabo cria inimizades e intrigas...
Outra vez um colega faltou uma semana devido a acidente e estávamos preocupados com ele, mas aí chega o Kalunga:
- O diabo dá os bens materiais e depois cobra caro...
  Um dia estávamos conversando sobre a noitada anterior, o Roberto rindo:
- Você ganhou duas partidas (de sinuca) que ninguém dava um centavo. E depois ainda ficou tomando cerveja com aquela morena bonita...
O Kalunga entra na conversa:
- Mas vocês deveriam evitar jogo, bebida e mulheres. Esta é a maneira que o diabo encontra para tentar os homens...
- Mas, Jesus Cristo transformou água em vinho... ou seja, beber não tem problema... – eu falei, meio que brincando.
- O diabo coloca este tipo de palavras na boca dos falsos profetas que vão levar o mundo à perdição total...
Como ele falou diretamente para mim, eu apelei mesmo:
- Cara, você tem fixação com o diabo. Fala um pouco de Jesus. Porque eu bebo mesmo, jogo, me envolvo com mulheres e mando o diabo para a p. que p ...
Enquanto os colegas caíam na gargalhada, o Kalunga se afastou carrancudo e pisando duro.

Ele parou de conversar comigo uns tempos. E só voltou quando uma vez, ao se aproximar do grupo de colegas eu já fui avisando:
- Se for falar de religião lembra o que aconteceu da última vez. Se for para falar do futebol e do seu Corínthians que perdeu ontem, tudo bem.
Eu era, por assim dizer, “popular” na gráfica. Praticamente todos me conheciam e embora lá trabalhasse outro surdo, quando diziam O Surdo, sabiam que estavam se referindo à minha pessoa. O outro surdo, José Penna, tinha um nível intelectual baixíssimo, tinha problemas de relacionamento e não convivia socialmente com os colegas. Não sabia Libras (que na época não era chamada de Libras e sim de Língua de Sinais) e só conversava mesmo comigo (todos diziam que eu tinha uma paciência de Jó com ele) e com uma das brochuristas (ela aceitava a companhia dele durante o almoço e na hora de ir embora). Como eu convivia socialmente com muitos colegas, jogando sinuca, tomando cerveja  ou simplesmente conversando banalidades, o que eu aprontava repercutia por dias. Essa de eu ter mandado o diabo a PQP ficou na boca do pessoal por muitos dias. Os colegas do setor me contavam, rindo. O pessoal passou a brincar de perguntar um para o outro “e o diabo?” e a resposta era “manda pra PQP!”.