quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Premiar o pior

Lembro com alegria quando, em 1969, eu, na terceira série, fiz uma redação sobre IMPOSTOS (arrecadação e utilização dos impostos), baseado em um livreto ilustrado que explicava a necessidade e utilidade dos impostos no país, estado e município. Foi um concurso organizado, se não me engano, pelo estado e cada cidade premiou as três melhores redações. Eu fiquei em 3° lugar, entre todos os alunos do 3° ano, de todas as escolas de Formiga. O prêmio é que não foi o esperado, pois anunciaram máquina de escrever, mas o que eu ganhei foi uma caneta e um monte de balas. A caneta chegou a ficar comigo durante muitos anos, mas acabou desaparecendo nos vai-vem da vida. Uma pena que não foi muito bem documentado este concurso, pois não tenho nenhum material de recordação. Lembro que a Diretora da Escola Normal adentrou minha sala, com as balas e a caneta, me abraçou efusivamente e deu-me os parabéns. Fiquei emocionado.
Estou lembrando este fato devido a uma notícia espantosa que li no dia 13 de agosto: o governo do estado de São Paulo pretendia pagar R$ 50,00 para alunos que frequentassem aulas de reforço de matemática.
Calma aí! Quer dizer que o governo vai pagar para os alunos QUE NÃO ESTUDARAM direito durante o ano?? Inacreditável! Meu orgulho de poder dizer que fui um estudante exemplar, morreu neste instante. Mal comparando, naquele concurso em que fiquei em 3° lugar, nada disso, o correto seria premiar a redação que não interpretasse corretamente o texto sobre impostos e com a maior quantidade de erros de português.
Hoje, em SP, o garoto chega em casa com R$ 50,00 e a mãe pergunta:
- Que dinheiro é esse, meu filho?
- Ganhei do governo de SP, mãe!
- Parabéns, você foi o melhor aluno?
- Não, mãe, fui o pior! Mas o governo me premiou por ir às aulas de reforço.
Como bem disseram outros comentaristas bem mais gabaritados que eu, o Estado de São Paulo, através de sua Secretaria de Educação, nos proporciona a piada pronta.
---------- > A reportagem é da Folha de São Paulo, e você pode ler clicando aqui.
Em tempo: o Secretário de Educação do Estado de SP, informou que o projeto estava suspenso (devido à repercussão negativa deste fato). Ele alegou que o projeto precisava ser melhor discutido entre os profissionais do ensino de SP. Ah, tá...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários não passam por aprovação, mas serão apagados caso contenham termos ofensivos, palavrões, preconceitos, spam. Seja coerente ao comentar.