terça-feira, 27 de outubro de 2009

Os riscos que os surdos correm...


Outro dia, conversando com uma amiga no MSN, perguntei seriamente:
- Que tipo de veículo é mais perigoso para nós, surdos?
Ela respondeu:
- Não tenho idéia! Bicicleta, moto, carroça? Eu já fui atropelada por uma bicicleta.
Eu ri, mas expliquei:
- Na verdade, nós surdos corremos um grande risco com carros oficiais. Ambulâncias, bombeiros, carros de polícia.
- Porque?
- Por que eles avançam o sinal vermelho! Mesmo com a barulheira das sirenes, nós surdos não temos idéia que um destes carros está se aproximando.
Ano passado eu quase fui atropelado por uma ambulância. Eram umas 7 da noite e eu estava atravessando a Av. Afonso Pena, ali na Praça Sete. O sinal ficou verde e eu comecei a atravessar a avenida tranquilamente. Meu sexto sentido me avisa de alguma coisa errada. Eu diminuí o passo ao perceber que somente eu estava atravessando a avenida, mesmo com os carros parados. A pista tem quatro corredores para cada mão e o último estava livre. A ambulância piscou os faróis (santo motorista que percebeu que eu não ia parar). O piscar dos faróis me alertou e eu parei, petrificado. A ambulância passou a uns dois palmos do meu corpo.
Eu nunca fui atropelado, sempre atravesso as ruas com bastante atenção. Apesar de considerar uma coisa natural (minha percepção mais apurada), muitos já disseram que isto se deve ao fato de eu ser surdo. Mas, é claro que um veículo que se aproxima em altíssima velocidade não é muito perceptível. O alerta do mesmo é o som, inútil para mim.

São curiosidades da vida dos surdos, do meu mundo em silêncio.

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