terça-feira, 7 de junho de 2011

Complicadas denominações modernas...

Sou totalmente contra piadas politicamente incorretas, tipo a que os caras do CQC fizeram/fazem, como a de que mulher feia deve agradecer ao estrupador e judeus não querem trem em Higienópolis, SP, porque a última vez que pegaram trem foram parar nos fornos de Auschwitz. Estas piadinhas são desagradáveis, não me causam riso algum. Existe o humor negro, sombrio e triste, que a gente vê/lê e ri. Porém, estão extrapolando de um lado e outro. O apresentador da Record, Marcos Mion foi processado por entidades ligadas aos grupos gay, acusado de homofobia. Após ler o que ocasionou o processo... o jeito foi rir. Em nenhum momento o apresentador faz qualquer afirmação homofóbica contra a entrevistada Nany People. A própria entrevistada disse não ter nada a ver com o processo e que não achou nada demais as perguntas do Mion.
Meu amigo sempre avacalhou com todos que fazem trejeitos sem querer. Ele tascava logo a frase do Severino, do Zorra Total:
- Tá parecendo uma bichona!
Vou recomendar a ele que pare com estas brincadeiras, pois corre o risco de ser preso por homofobia.
São tantos os colegas que brincam, nos cumprimentado com um "ô, viado", que também estão a correr o risco de serem acusados de homofóbicos.
O bullying é outro problema atual. Exceto pelos atos agressivos, os demais como apelidos, gozações e ironias sempre existiram, são comuns e ocorreram com a grande maioria dos estudantes de antes e de hoje. Todos superaram estes fatos numa boa. Só é inaceitável mesmo é o bullying agressivo, que não é somente a intimidação. Por que na escola sempre tem o valentão, que coloca medo em todos (no fundo é só a fama mesmo) e que na verdade não agride ninguém. Já relatei que nos meus anos escolares em Formiga, os filhos do delegado intimidavam todos os colegas, mas não agrediam ninguém. Aliás, eles mesmos tinham medo de um outro valentão, de série superior, que eu nunca vi brigar com quem quer que fosse, mas tinha uma fama de mau que aterrorizava todos. Clide era o nome do cara e o mais engraçado é que ele era baixinho, o primeiro da fila da sala dele (antigamente fazíamos fila e a ordem era crescente por tamanho). Ele tinha a fama de mau e alguns "guarda-costas" grandões e fortes.
Na questão de apelidos eu mesmo tinha o hábito de colocar apelido em quase todos os colegas. O Vinte-e-quatro, que sequer lembro o nome, era o apelido do colega que ficou com este número na chamada escolar (a professora de português fazia a chamada pelo número, não pelo nome).
- 23.
- Presente!
- 24.
- Presente!
E a sala toda desatava numa gargalhada só.
O Jáder eu apelidei de Janela; ele gostava mesmo de sentar próximo à janela. O Gaguinho era gago mesmo, mas dele eu lembro o nome, Roberto, que se tornou amigo, pois eu e ele éramos da Caixa Escolar (pobres ou financeiramente necessitados) e vez ou outra dividíamos a merenda, pois quando atrasávamos acontecia de a merenda acabar. O Baixinho era o primeiro da fila, baixinho mesmo. O Iguinácio era o Ignácio, "Inácio" até o dia que vi ele assinando o nome com o "g" e passei a chamá-lo de Iguinácio e todos acompanharam. Por estranho que pareça, não havia apelidos relacionados a cor, embora tivéssemos vários colegas negros. O Matusalém era negro, usava óculos de fundo de garrafa (eu só passei a usar óculos após ficar surdo) e embora alguns o chamassem de Quatro-olhos, eu o chamava de Matus (a redução de nomes a algumas sílabas não é uma coisa de hoje não, há séculos a criançada faz isso). Eu também sou Quatro-olhos. O meu primo chamava o nosso colega Kaminsky de Caminscola (não sei se era iugoslavo ou polonês). Estes, colegas do tempo em que estudei na Escola Normal de Formiga.
Alguns amigos meus, negros, são chamados de Negão, os "Josés" de Zé Preto, sem contar os inúmeros Pelés que povoaram minha infância. Apelidos relacionados à cor da pele. Nenhum deles jamais se sentiu ofendido por causa destes apelidos.
Porém, hoje em dia, parece que teremos que tomar cuidado ao tratar algumas pessoas, amigas ou não.
- Você conhece aquele rapaz?
- Qual?
- Aquele afrodescendente verticalmente prejudicado.
- Cumé???

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