sábado, 26 de maio de 2012

Acréscimo ao post anterior


Vale acrescentar que nem todo deficiente é triste e melancólico. Reclamamos de piadinhas de desconhecidos por isso mesmo, são pessoas desconhecidas. Não conhecem o nosso dia a dia e não sabem as agruras que passamos. Mas, em sua maioria, os deficientes riem de suas próprias deficiências, entre os seus iguais e amigos. Os deficientes físicos dizem “correr”, brincam com esta palavra, mesmo que caminhar seja uma dificuldade enorme, isso quando sequer caminham. Os cegos dizem “não vi”, ou “nunca vi nada disso”, porque não são as palavras e as ironias da vida que magoam e sim quem as diz e a forma como são ditas. Eu rio muito quando digo um “nunca ouvi isto”, ou quando uma porta bate no meu setor de serviço, eu me assusto tanto quanto os demais (com a vibração) e brinco dizendo que a pessoa que deixou a porta bater “pensa que todo mundo é surdo!”. Na festa de final de ano do pessoal do serviço, quando cheguei o responsável pelo som brincou:
- Se o som estiver muito alto é só você falar, ta?
- Para mim está baixo... pode aumentar o som.
Isto não incomoda. A pessoa em questão me conhece, sabe das minhas dificuldades, está brincando com conhecimento de causa, não zombando.

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