terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Observando: restaurante...

Almoço no mesmo lugar desde que iniciei o meu novo trabalho, próximo à Praça da Estação. São mais de três anos almoçando em um restaurante da Rua Caetés. Neste tempo, o restaurante já mudou de dono e muitas garçonetes já passaram por ali. Eu não sou um dos melhores clientes, almoço pouco e não bebo nada. Apenas sou um cliente fiel. Gosto do restaurante devido a possibilidade de sentar em mesa única, sem necessidade de dividir a mesa com outras pessoas. Eu gosto de almoçar sozinho, calma e tranquilamente. As garçonetes mais antigas já me conhecem e sequer se aproximam quando estou almoçando. Mas, sempre tem as novatas, que precisam mostrar serviço e perguntam:
- Você vai beber alguma coisa?
- Não! - eu respondo, invariavelmene.
Elas não desistem e no outro dia estão perguntando novamente e recebendo a mesma negativa. Após o terceiro ou quarto dia elas desistem e me deixam almoçar em paz. Algumas vezes já percebi as garçonetes mais velhas rindo das novatas.
Algumas das garçonetes souberam que eu era surdo (ou que eu sabia conversar com os surdos), quando o colega, Marcos, sentou-se numa mesa diante de mim e conversamos um pouco, em Libras, claro. Mas, o Marcos mesmo disse que não almoçava ali não, que estava apenas acompanhando a esposa, que trabalhava ali pelo centro. Não são muitos os clientes fixos como eu. Tem um velhinho que sempre está sorrindo com as garçonetes. Ele é alegre. Para as garçonetes eu devo ser o oposto dele, turrão e carrancudo. Mas, duas delas já me atenderam (pedi água para tomar comprimido) e, apesar de sério, eu as tratei com muita educação, não esquecendo de agradecer. Estas duas veteranas, vez ou outra passam pela minha mesa e quando percebem que sou eu, riem:
- Você não vai querer nada não, né?
É legal ver as crianças satisfeitas com a novidade de almoçar fora de casa. De mães (e alguns pais) dedicados, limpando a boca dos filhos, insistindo para que comam mais do que as batatas fritas. Do casal de velhinhos que ainda almoçam juntos, mesmo que calados. Da moça que fica puxando a calça a todo instante, temendo que a calcinha esteja aparecendo. Do rapaz orgulhoso conduzindo a namorada. Os estudantes e funcionários que pedem às garçonetes para preparar marmitex. Dos grupos de trabalhadores das lojas próximas, Ricardo Eletro, Casas Bahia, Rede, etc, que sentam nas mesas de quatro lugares, almoçam e conversam animadamente. Ou dos clientes como eu, que preferem sentar isolados e almoçar sozinhos.
E os raros momentos quando alguma das garçonetes consegue arrancar um sorriso meu.

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