sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Pena de morte

Não adiantaram os protestos pelo mundo, o pedido do Papa, o engajamento do ex-presidente Jimmy Carter contra e diversos protestos no próprio país. A Justiça da Geórgia e o Supremo Tribunal americano mantiveram a condenação de Troy Davis, que estava preso há 20 anos. O que mais me entristeceu em toda esta história foi que 7 das 9 testemunhas se retrataram e mudaram suas declarações. Alegaram ainda coerção policial. A acusação era de que Troy, negro, matou um policial, branco. Mesmo sem arma do crime, mesmo sem vestígios de pólvora na mão do acusado, mesmo com as testemunhas se retratando, a justiça não voltou atrás.
Leia a reportagem completa no Terra.
E ainda querem implantar pena de morte no Brasil? Os que não têm recursos financeiros e têm a pele um pouquinho mais escura, serão os candidatos à pena de morte e nunca os verdadeiros culpados. Aliás, o Brasil aplicava a pena de morte, extinta em 1876. Os condenados eram, em sua maioria, índios, piratas, traficantes, hereges e invasores franceses e anos depois, com o crescimento da escravidão, os negros. Escravos que reagissem a espancamentos não escapavam da morte, pois legítima defesa não valia para os escravos. Ainda que alguns europeus fossem condenados, isso era muito raro. Nos EUA, com o advento das novas tecnologias e exames, já comprovaram que mais de uma centena de inocentes foram condenados à pena de morte.
Sabe o que é mais incrível? Se você fizer uma pesquisa no Google sobre pessoas inocentes condenadas à morte nos EUA, como por exemplo, Cameron Todd Willingham, só vai encontrar referências em sites e blogs. Não há reportagens sobre este caso nos grandes jornais brasileiros. Ele foi acusado de ter provocado um incêndio que matou suas três filhas. Até o fim declarou-se inocente (os apenados têm direito a uma última declaração): "A única declaração que eu quero fazer é que eu sou um homem inocente que foi condenado por um crime que eu não cometi. Eu fui perseguido durante 12 anos por algo que eu não fiz." Cinco anos depois de sua execução, investigações mais austeras comprovoram que ele realmente era inocente.
Você não vê estes casos nos jornais e revistas brasileiros. Quando ocorreu a morte do garoto João Hélio, a mídia brasileira tentou de todas as formas discutir a necessidade da pena de morte no Brasil e acabar com o Estatuto da Criança e do Adolescente (o culpado da morte de João Hélio era menor de idade à época), Diversas vozes se levantaram a favor da pena de morte. A maioria levada pela comoção geral causada pela mídia. Mas, sobre os inocentes executados nos EUA, nenhuma palavra!
A pena de morte não é a solução. Já está mais do que comprovado que pessoas que entram para o crime, entram conscientes de que não têm nada a perder. Como exemplo, o próprio EUA, onde mesmo com a pena de morte os crimes continuam ocorrendo. O que se vê, muitas vezes é que, diante da morte horrível de alguém querido, as pessoas estão dispostas a matar também, através da pena de morte, justificando que houve um julgamento justo e o executor é o estado. Na verdade, o executor somos todos nós, pois o estado apenas representa a sociedade.

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