terça-feira, 6 de setembro de 2011

As três irmãs

As irmãs eram bastante unidas. Ana Maria, Ana Cláudia e Ana Beatriz. Com diferença mínima de idade, de um ano para a mais velha e dois anos para a caçula, elas casaram com diferença de meses. A caçula, Ana Beatriz, foi a última a casar e a primeira a engravidar. A do meio, Ana Cláudia, casou seis meses depois da primogênita e engravidou no ano seguinte. A mais velha, Ana Maria, casou primeiro e quatro anos depois ainda não tinha conseguido engravidar. Contava tudo para as irmãs, fazia todas as simpatias e crendices para engravidar. Nos dias que sabia estar fértil o marido “trabalhava” dobrado. Mas, nada de bebê. Enquanto as irmãs já tinham aumentado a prole, cada uma com dois filhos, Ana Maria continuava tentando.
Naqueles tempos (esta história ocorreu há mais de 70 anos) os problemas de infertilidade eram creditados exclusivamente à mulher. Dificilmente um homem aceitava o diagnóstico médico de que era estéril. E o marido de Ana Maria, creditava a ela a dificuldade que tinham em conseguir um bebê. Ingenuamente ele dizia que tinha muito esperma, considerando este fato suficiente para demonstrar que o problema não era com ele. As irmãs evitam polemizar e não contavam que o médico já havia descartado problemas com a primogênita.
- Já tentamos tudo! Que mais podemos fazer, querida irmã!
- Ana Maria pode começar a pensar em adoção! – sugeriu a caçula.
- Eu até que pensei, Ana Beatriz, mas meu marido não admite isso, infelizmente.
- Vamos para a fazenda este fim de semana. Resolveremos isso de vez. – decidiu Ana Cláudia.
E perguntou:
- Qual dos maridos é o mais ativo?
As irmãs caíram na gargalhada.
- O que tem a ver uma coisa com a outra? – perguntou Ana Maria.
- Espere e verá!
No fim de semana, na grande fazenda dos pais, aproveitaram o tempo livre para andar a cavalo e passear pelos campos. Devido a uma complicada disposição dos quartos, os pais rigorosamente religiosos e não havendo quartos para todos, os três casais dormiam separados. As irmãs em um quarto, com porta adjacente para outro pequeno quarto e os maridos no outro lado do corredor. As irmãs confabularam bastante na tarde daquele dia, trancadas no quarto, enquanto os homens saboreavam bebidas e cigarros.
À noite, Ana Beatriz sussurrou no ouvido do marido:
- Querido, te espero no quarto adjacente, mas, por favor, silêncio total, porque minhas irmãs estarão no quarto ao lado.
Ana Maria também combinou com o marido, para mais tarde, ir ao quarto adjacente, pois sentia estar no seu melhor período fértil e não podiam perder aquela oportunidade. Recomendou:
- Não abra a boca para nada, certo? Não quero que minhas irmãs percebam o que estamos fazendo, portanto, silêncio! Te espero. Beijos!
Dois meses depois Ana Maria descobriu que estava grávida. Feliz, contou a novidade para as irmãs. Elas se abraçaram, sabendo que o mais importante era a fidelidade que as unia. A felicidade que procuravam proporcionar umas às outras. Assim nasceu o primeiro e único filho de Ana Maria. E não faltava o clássico comentário quando o filho de Ana Beatriz e o de Ana Maria brincavam juntos:
- Nossa, como os dois são parecidos, não é?
As três irmãs se entreolhavam e sorriam.

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