segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Anel da morte em BH

Temos em volta da cidade, um anel rodoviário, que virou uma espécie de atalho para bairros e acesso a cidades da região metropolitana. Sexta-feira ocorreu mais um acidente gravíssimo no anel, causando a morte de 5 pessoas e ferindo mais de 10.
A maioria das pessoas que viram os vídeos do acidente, culpa o motorista da carreta. E como sempre, a discussão sobre o anel rodoviário vai para o lado político. Começa novamente a cobrança por ações do governo municipal, que diz que a responsabilidade é do governo federal. Assim como temos um viaduto da morte, agora teremos um anel da morte.
Vou contra todas as vozes que procuram politizar o acidente. Porque nos sites que tratam do acidente, os comentários são, em sua maioria, sempre culpando o governo; a falta disto ou daquilo na rodovia. Há um vídeo do acidente que mostra claramente a carreta em alta velocidade, perdendo o controle na curva. Eu (e alguns poucos comentaristas, poucos mesmo), não concordamos com este blábláblá de que a culpa é do governo, do prefeito, da falta de estrutura da pista. Porque sempre dizem isso quando ocorre acidentes de tamanha gravidade? A culpa é da pista. Do "anel da morte"! Eu até concordaria se ali houvesse buracos na pista, mas não há. A culpa, única e exclusivamente, é do motorista. A pista, o anel, não dirige nenhum destes veículos. Ela está ali para serví-los, mas não pode conduzir os veículos, não pode diminuir a velocidade de nenhum deles. Porque, como diversos comentaristas mais lúcidos escreveram, "não adianta radar, porque os motoristas vão continuar correndo!".
Ali tem placas indicativas da curva, ali tem placas informando a velocidade máxima. Mas, sempre tem algum motorista que prefere ignorar estes avisos. E tome acidente. E depois as reportagens soltam os famosos "pista da morte"; "anel da morte" e por aí vai. O motorista a 120 km por hora é considerado vítima da má estrutura da pista. Esquecem completamente de alertar: se o motorista estivesse respeitando o limite de velocidade do local (60 km por hora), não teria ocorrido nenhum acidente. Esquecem de informar: o desrespeito às normas de trânsito é o maior causador de acidentes. Ao invés de abrir manchetes com "anel da morte", a manchete poderia ser: "motorista não respeita limite de velocidade da pista e causa mais um acidente grave no local". Mas, não, a culpa é da pista. Do governo. Da infraestrutura da pista. Alguns dizem que a culpa é da curva, que não deveria ser ali (o anel foi construído na década de 1950).
Independente de prefeito, governo, infraestrutura, o culpado maior é o motorista. Ao culpar a pista, dão carta branca para que os motoristas continuem cruzando o anel em alta velocidade.
A maioria dos acidentes é causado por caminhões e carretas. Então, antes de entrarem no anel, vão passar pelo bafômetro, vão ser obrigados a dormir pelo menos duas horas, vão ser obrigados a colocar um limitador de velocidade, vão ser obrigados a transitar na pista da direita, vão ser obrigados a repetir umas cinquenta vezes "vou respeitar as placas de trânsito".
O país precisa mudar esta mentalidade de culpar pistas, esquecendo que atrás de um volante tem um ser humano racional.

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