sábado, 7 de maio de 2016

As mães

O piloto, Fernando Alonso, estava em uma corrida de F1, a mais de 150 km por hora, sofre um acidente assustador, o carro voa, vira uma cambalhota e sobra somente o cubículo que protege o piloto. As recomendações são para o piloto permanecer no carro, aguardando o atendimento, principalmente em um acidente daquele porte. Mas, o piloto saiu do carro! Por quê?
“Saí rápido do carro para minha mãe ver que eu estava bem”.
O próprio Fernando Alonso achou graça que a frase fosse destaque em quase todos os jornais pelo mundo. E relatou mais detalhadamente a história.
“Não foi muito normal [risos]. Vou te contar, mas não foi muito normal. Quando passei pela checagem médica, cheguei ao paddock outra vez, cheguei à base da McLaren e antes de tirar o macacão, disse: ‘Deixe-me ligar para meus pais que eles estão bem preocupados’. Ligo para minha mãe com a câmera, fazendo uma vídeo-chamada, e vejo meu pai tranquilo no sofá da sala, com um cobertor, tomando um café e te digo. ‘Como estão? Preocupados?’”, lembrou.
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Jogávamos bola animados e o goleiro fazia incríveis defesas. Mas houve um momento que ele calculou mal uma “ponte” (o ato de defesa do goleiro, que se atira longamente para um dos lados do gol) e bateu a cabeça na trave! Jogo paralisado, nós assustados, percebemos que nosso amigo goleiro desmaiou. Ele respirava e antes que a gente pensasse em algo, abriu os olhos e reclamou:
- O que aconteceu?
- Você bateu a cabeça na trave e desmaiou! Está tudo bem?
- Sim, está tudo bem.
- Você tem que ir para casa e repousar, porque desmaiou.
A galera acompanhando o amigo goleiro, que concordou com a sugestão. Chegando perto da casa dele, ele nos para e pede:
- Não falem pra minha mãe que eu desmaiei!

A turma estava fazendo a maior algazarra no banco da praça, que ficava em frente à escola. Tínhamos feito provas finais, fomos liberados mais cedo. Entre “acho que passei” e “vou pegar recuperação”, muitos tapas, socos e empurrões. Um dos colegas resolve aprontar com nosso colega gordinho e inventa:
- Ele tirou 10 na prova de matemática e não passou cola para ninguém. Vamos deixa-lo só de cueca hoje.
A turma segura o colega que se debate tentando evitar o vexame. No empurra-empurra tentando tirar a calça do colega, justamente o que propôs a brincadeira (de mau gosto, reconheço), abraça o gordinho e diz:
- Não, não, para, para! Não vamos fazer isso com nosso amigo.
- Qual é? Foi você mesmo que inventou e agora está arrependido?
E o colega, assustado, com expressão de total pavor:
- Minha mãe está vindo em nossa direção...

O grupo de amigos na rua, formando uma roda entre dois debatedores. Sabíamos que iam ficar somente na conversa, voz forte de um lado e outro, mas nada de briga. Dedo em riste, apontando para a face.
- Se você aparecer na rua de baixo, você vai apanhar.
- Não tenho medo de você, Marcão. A rua não é sua. Passo por lá quando eu quiser.
- Estou te avisando! Não vou perdoar. Aqui você está com a maioria dos seus amigos. Mas, na rua de baixo, os amigos são meus...
- E você acha que estou com medo disso?
- Já disse, André, que aqui você está com amigos, mas na rua de baixo você não tem amigos não.
- E eu já disse que não tenho medo de você. E que passo pela sua rua sim. Tenho 13 anos, vou para onde quero, faço o que quero, não tenho que obedecer a ninguém!
Nisto uma janela se abre e uma senhora grita:
- Andrezinho, já para dentro!!
E Andrezinho, caminhando para casa, altivo, com o dedo ainda em riste:
- Só minha mãe...

Poucos anos depois que fiquei surdo, muitas vezes eu descobria que algum moleque, aproveitando-se da minha surdez, tinha me xingado pelas costas. Alguns amigos, sabendo que eu me enfurecia fácil com isso, não me contavam de imediato, mas sim, momentos depois, quando o moleque já estava longe. Meus amigos pediam calma, falavam para eu deixar prá lá, que não valia a pena brigar por isso. Muitas vezes eu acabava realmente esquecendo o fato. O problema é quando, no mesmo dia, eu encontrava o moleque novamente.
Assim foi com o Werneck. Eu estava voltando para casa e ele estava caminhando do outro lado da rua. Eu corri em direção a ele, dedo em riste, o empurrando, com raiva:
- Então eu sou filho da puta, né, seu merda. Agora estou de frente para você. Repete, fala na minha cara, deixa eu ver se você é tão corajoso assim, como é quando eu estou de costas e não escuto o que gritam.
- Para, para, não, não, eu não xinguei não...
- Claro que xingou! Além de medroso, é burro! Meus amigos escutam muito bem, idiota. Eles me contam tudo. Mesmo que não seja na hora.
Enquanto o encarava, ele retrocedia, assustado. Atravessou a rua andando de costas, tropeçou no meio-fio e caiu, ralando o joelho na calçada. Nesse momento minha mãe dobra a esquina. Eu percebo e ameaço o Werneck.
- Abre a boca com minha mãe e você me verá bravo de verdade.
Minha mãe se aproxima, vê o menino caído, pergunta:
- O que é isso? O que aconteceu?
- Ele tropeçou no meio fio, mãe! – respondo de imediato.
Mas, minha mãe estava fitando o Werneck, esperando uma resposta dele. O Werneck percebeu meu olhar e não titubeou:
- Eu vinha andando e pisei em falso... Caí e o Jairo veio me ajudar...
O joelho estava ralado e sangrando. Eu tento ficar livre logo do Werneck.
- Ele está bem, mãe!
- Ih, menino, não está vendo que ele ralou o joelho e está arfando? Ajuda ele a levantar e traga aqui para dentro para limpar este machucado.
Quase ri, pois ele estava arfando era de medo! Mas, como mãe manda e a gente obedece, ajudei o Werneck a entrar. Minha mãe deu lhe um copo d’água e depois fez um curativo básico no joelho dele.
Tudo isso acabou modificando a visão do Werneck comigo. Eu ainda o acompanhei até o portão, pensando em como as mães fazem a gente passar por cada uma! Então, ele disse:
- Desculpe, Jairo. Agradeça sua mãe novamente...
O Werneck foi meu amigo por muitos anos.


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